segunda-feira, 30 de abril de 2012

Praça Generoso Marques - Curitiba

SELF MADE MAN



Pressa do
Café expresso
Gastrite
Taquicardia
Mãos lavadas
No transtorno
Sempre
No mesmo ponto
obsessivo
compulsivo
Self-made man

Desde jovem
lutando na vida
fazendo
o que deve
a job is a job
vestibulando
trainee
graduando
ganhando
tres mil
contos por mês
Ambev
Deloitt
GM e
IBM
contabilidade
oportunidade
visibilidade
Desde cedo
self-made

Self-made man
Fezes retidas
Penser
serpen
le penser est ta serpen
Self made man
A cobra morde o próprio rabo
E a hemorróida corrói o vosso rabo

Self-made man
Cabelos curtos, barba feita
Olheiras saudáveis
Camisa dentro da calça
Agressividade
Contas
na ponta
do lápis

I-pad
I-pod
Você pode
acreditar
que vai dar
certo
sucesso
self made

Felipe Spack

domingo, 29 de abril de 2012


VITÓRIA RÉGIA NO CIBERESPAÇO

A LUA É A MESMA
DE ANTIGAMENTE.
É O MESMO, O PRÓPRIO SOL.
E AINDA É O MESMO
O MENINO QUE ATIRAVA PEDRAS
NA LAGOA
SURPREENDENDO
ESTRELAS

 AS ONDAS DO MAR
AINDA RECEBEM
A VISITA
 DOS RIOS
E A MENINA AINDA PERSEGUE
PARA SER PERSEGUIDA
COMO LENDÁRIA
 NAIA
ENCANTADA POR JACI

 O TEMPO,
NÓS SABEMOS,
É MESTRE INQUIETO,
QUE SEMPRE
 INVENTA
 SEUS PRÓPRIOS CURSOS
 VIRANDO O JÁ VIVIDO
 PELO AVESSO

NAS JANELAS DO VERSO.


PIRILAMPOS E BEM-TE-VIS
 DIVERTEM-SE
COM NOSSA PERPLEXIDADE
DO LONGE QUE FICOU
PERTO
E DA VIRTUDE  VIRTUAL
 EMBALANDO A REDE
DO CONHECIMENTO.

 RADARES INDISCRETOS
INVADEM
CIRCUITOS FECHADOS
 COMO CATAVENTOS
EM TEMPOS DE FESTA
PROCURANDO
NOVOS RECANTOS
DO PENSAMENTO

EMARANHADO DE FIOS
ELEVAM RAÍZES
 AÉREAS
NA ESTRATOSFERA
E ACORDAM
NAS ENTRETELAS DA NOITE
SOMBRAS PARABÓLICAS E
ARTÉRIAS
DO SENTIMENTO.

QUE REALIDADE É ESTA
QUE ME CONFUNDE?

 FAÍSCAS OUSADAS
REACENDEM
A FOGUEIRA MILENAR
ENTRE ASSOMBROS DE CABOS
E CÉLULAS SEM FIO

E A PALAVRA
DO QUADRO NEGRO
APRENDEU A NAVEGAR
REINVENTADA
MULTIPLICANDO LUAS
        COM ARES
DE VITÓRIA RÉGIA

   NUMA TELA

DE CRISTAL.

GLÓRIA KIRINUS

Poema publicado originalmente no livro: Curso Normal Superior com Mídias Interativas – Um projeto inovador para a formação de professores. 
Organizado
por Célia Finck Brandt  e outros. Editora UEPG

Poema publicado na Revista Mediação 2008

quinta-feira, 26 de abril de 2012



Só posso me fiar em tua voz
Pra saber como tudo aconteceu
O nosso tempo passa tão veloz
Que só por ti aprendo quem sou eu.

Sei só que antes de ti eu era folha
Que solta balançava ao menor vento;
Quando te vi, ganhei a minha História
Meu mundo enfim entrou em movimento.

Trinta de junho de dois mil e oito
As famílias venceram a areia.
Quando me dou conta, de dia, afoito
Que só se encontra vivo quem peleia

Só posso agradecer de novo a ti
Por dar-me vida nova, Itaqui.

Felipe Spack

sábado, 21 de abril de 2012

terça-feira, 17 de abril de 2012

Av. Cruz Machado - Curitiba

Vida

A luz não se apagou,
anoiteceu.
Somos todos mitos 
de irrealidade mútua
Diferentes, iguais,
pouco importa


Encontros escassos,
quase casuais
a vida não é,
nem nunca será 
planejada,
ela acontece
tão simples e pacífica
que nem a compreendemos.


O dia amanhece novamente
e eu digo: 
Bom dia, vida!


Deisi Perin

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Praça Generoso Marques - Curitiba

Poemínimos de Alvaro Posselt

Pro tempo eu não ligo
É manco de uma perna
meu relógio antigo
*
Choveu tanto aqui
que até caiu
outro pingo no i
*
Noite do espanto
Fui baixar um arquivo
baixou-me um santo
*
Meu violão me intriga
Morre de tanto rir
quando lhe coço a barriga
*
Eu juro de pé junto
Com o calor da capela
suava até o defunto


Alvaro Posselt

domingo, 15 de abril de 2012

Pó & Teias no Vox Urbe [5]

Deisi Perin no Vox Urbe Pó & Teias - Wonka Bar - Curitiba
Abrimos o livro como a uma janela

uma pálpebra que se ilumina a novas luzes
e diante do olhar estranhando o familiar
espelhos estilhaçados sob os pés descalços.

Na busca pela identidade passamos por sombras perpétuas
de Hiroshimas íntimas em sopas de cogumelos,
formas dançarinas da leitura de mundos que sangram
sobre teias elétricas que queimam nosso caminhar.

Fragmentos de cristais sem valor eletrizando o nada dos nossos passos.
andamos a esmo, perdidos nessa leitura.

No barro das palavras tentamos construir nossos ídolos e seguimos adiante.
pedaços dessa anatomia de Golem se desprendem na tempestade do desencanto.

Palavras paridas de imagens queimam e evolam- se, reencarnando em nuvens que espalham o sêmen translúcido na relva a sorrir e a tudo presencia a pedra da palavra na pele do sonho.

Voltamos a dormir no desconforto do silêncio inundados de dúvidas que se debatem nas nossas entranhas. Mas tudo são meras palavras que voam sem rumo sobre nossas cercas invisíveis de arame farpado.


Wilson Roberto Nogueira

Pó & Teias no Vox Urbe [4]

Ieda Godoy no Vox Urbe Pó & Teias - Wonka Bar - Curitiba
Cruz das almas solitários sabres que ceiam sonhos na fome de viver.


Sorvendo gota à gota de vinho da derradeira videira no ósculo da última flor.
Balança a árvore antes frondosa da vida hoje pálido osso da memória
onde se refugiam cordeiros do rugido da tempestade de lobos e da siderea miséria
que corta fundo a raiz da esperança.
O aço devorando a carne tenra da terra trinchando hóstias de pó e palavras
Trincando dores ouvindo Wagner cavalgando valquírias a procura de ouros
no fim de falsos arco-íris. Ardem cedros por testemunhas cobrindo em sombras raquíticas
proles dejetadas de úteros abandonados.
Oliveiras irrigam a terra de óleo e sangue enquanto ouve-se um choro fantasma a sombra da chama
clamando a morte que vaga ébria e exausta de tanto ceifar.




Wilson Roberto Nogueira

sábado, 14 de abril de 2012

Pó & Teias no Vox Urbe [3]

Wilson Nogueira no Vox Urbe Pó & Teias - Wonka Bar - Curitiba
A lava da memória em chamas liquidas ocultam-se em pétrea desmemória

na nova rocha ainda quente guarda do invivido o vento do quase acontecido
na nuvem do deja-vu a água ardente que perverte o sonho em um beco sem resposta.

Os passos pesados sobre o espírito afundam na areia do cadáver insepulto de sombras
insilenciadas.



Wilson Roberto Nogueira

Pó & Teias no Vox Urbe [2]

Rodrigo Ceccon no Vox Urbe Pó & Teias - Wonka Bar - Curitiba
O que sinto não é o sopro da alma de mim fugindo

no silêncio exausto diante do rugido
da vida em seu devir de promessa irrealizada.
Faina de um Sisifo cego no hesitante ruminar
na fronteira de um primeiro caminhar
de pés feitos de ossos de sonhos em pó .Fertilizada
morgue de sóis exangues de chamas a alumiar
de sombras o fogo fantasma parindo
sobras cinzentas de amanheceres sonhados
morejando sal sob capotes celestes.



Wilson Roberto Nogueira

Pó & Teias no Vox Urbe

Ricardo Pozzo no Vox Urbe Pó & Teias - Wonka Bar - Curitiba
Navego na nau do lamentoso pensamento de ti

Ceras a vedar ouvidos não podeis entrar.
Amarrado por cordas qual aço ao mastro da ambição
braços de vã vontade castrada de naufrago na fenda da bela consorte

a minha morte.

A bela morte a transar em parcelas ou na explosão a procela
Qual o sentido da vida? Tal não é a pergunta que ora lasso de misérias
Musas filoflanantes falsas sandias opiam prazeres enquanto mastigam
corações, veias e sensações. Prazeres devora culta traça livros de estórias.

Vigores fumados tragando liberdades agora ausentes.

Preso no barco cujo leme não domino.
Apenas a nau dos insensatos navegando no vazio da névoa
desta vida de recifes famintos de escombros e saboreando
melodias de sereias a deleitar de mala-suerte os condenados

a voar sem ter asas nas nuvens do ácido oceano do desencanto.



Wilson Roberto Nogueira

quinta-feira, 5 de abril de 2012

José atravessa os Andes

Noticiário de sempre

I


Que corta e serra,
e jorra o sangue
que não se estanca
e espanta
No noticiário de logo cedo
de arremedo três tiros
perfuram as vísceras do sujeito
Imerso em meio
a linha de combate


II


a cidade se espreguiça, e boceja seu dia
a água ferve para mais um café
o que bonde trafega em direção...
o jornal é arremessado aos quintais
frescas as notícias de ontem


III


e se dissesse que tudo já foi dito e o resto é infinito e caos
e o nada já é matéria, o momento, o instante fugaz, agora para trás
e o mito já não é mais a caverna, mas a rua, o sangue escorrido
a morte morrida e estampada na primeira página, 
a escorrer as vísceras já dilaceradas
e a vida consumida por um disparo
na arquitetura de pólvora e bala
e não há distinção de nada todos são todos, e cada é um,
o que havia era silêncios multiplicados a abismos e retissências
isso que corrói a alma, e a deixa cercada de espinhos numa paisagem perdida
e penso ainda que há algo de belo no trágico


Rafael Walter